Sou um Jovem e tenho Mediunidade! (Parte I)

Desde pequenino que sempre senti a presença de algo superior, de bom e eterno à minha volta. Não sabia o que era, mas sentia que era de verdade. À medida que fui crescendo perguntava aos meus pais se seria normal sentir-me assim, sempre acompanhado, mesmo quando estava sozinho. Os adultos encolhiam os ombros e não davam muita importância aos meus questionamentos… Achavam que eu era um sonhador, que andava sempre com a cabeça nas nuvens. Até um dia…

O que eu vejo é real?

Foi logo cedo, num dia pela manhã, a caminho da escola que eu o vi nitidamente pela primeira vez: era jovem, bonito e falava pelos cotovelos. Mas tinha uma particularidade: eu não o conseguia fixar durante muito tempo porque a imagem dele ora aparecia, ora desaparecia da minha visão. Achava que ele não era real, pelo menos não “era deste mundo”. Cheguei a pensar que estava doido. Durante todo o dia ele falou comigo. Sugeria que faltasse às aulas, dizia que os professores e os meus colegas da escola eram palermas a quem eu não devia ligar. Afirmava que fumar não era assim tão perigoso e que até dava algum estilo. Eu estava confuso e não sabia o que pensar.

Estarei a dar em doido?

Nessa noite ao jantar eu estava com os nervos em franja e super inquieto. Para piorar a situação o meu pai estava de mau humor e a minha mãe irritada e preocupada com o jantar e a lida casa. De repente o meu pai pôs-se a discutir comigo e a dizer que eu não fazia nada bem. Que já estava farto do meu comportamento. A minha mãe juntou-se ao meu pai e gritavam comigo os dois ao mesmo tempo. Não percebi o que eles estavam a dizer e qual tinha sido o meu erro. Só me lembro de sentir muita revolta. Não o que se passou a seguir. Acordei no hospital. Segundo os meus pais, eu tivera um acesso de raiva, partira alguns objetos em casa e aparentemente falara sozinho, em altos berros, dizendo… “Em mim ninguém manda”; “Eu quero ver a minha mulher e a minha filha imediatamente”…”Onde estão os meus cigarros?”.

Os médicos disseram aos meus  pais que eu tivera um esgotamento nervoso e segundo o seu diagnóstico, eu teria alguma desordem mental, que tinham de analisar melhor. Os meus pais ficaram desolados. E eu também. Fiquei vários dias internado e nunca me tinha sentido tão infeliz.

 

Pais, por favor compreendam-me!

Duas semanas depois deram-me alta e voltei à escola. Detestava a medicação. Sentia-me em baixo, fraco, desmotivado e sempre sonolento. Foi o José, um dos meus melhores amigos quem me falou do Centro Espírita. Eu ao início não lhe prestei atenção, mas quando ele me explicou melhor do que se tratava, de que era um lugar de estudo onde se aprendia a comunicar com os espíritos e o mundo espiritual, senti curiosidade e quis conhecer. Seria verdade? Seria possível? Falei com os meus pais o que estava a pensar. Acharam que era uma estupidez e não quiseram ouvir-me. Foi a Dona Glória, uma vizinha simpática e muito velhinha quem lhes disse que eu tinha razão, e que iria encontrar a ajuda de que necessitávamos no Centro. Os meus pais, por amor a mim, e preocupados com a minha saúde, resolveram arriscar e lá fomos nós, numa sexta feira, à noite. Era verão e a noite estava linda e perfumada.

Entrámos… eu sentia o coração a bater com força dentro do peito, e estava curioso sobre o que iria encontrar.

Seria mesmo possível entender mais sobre a vida, de onde viemos e porque nos acontecem certas coisas, como afirmava o José? Era o que eu iria tentar descobrir em breve...

 

(continua na próxima semana)

 

Texto da sala 4, Evangelização, Centro Espírita Luz e Paz

Partilhar!