Flores de Maria – Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho
Flores de Maria - Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho
Eis um livro maravilhoso, que ajuda todas as mães, familiares e amigos a enfrentar a dor da partida dos seus filhos, sobrinhos, netos...
Rosângela, a jovem que ditou este livro a Vera, ensina-nos a saber como reagir quando as nossas crianças desencarnam, e como superar a tristeza e a saudade.
(…)”Lourdes chegou eufórica.
- Rosângela, você precisa ver e ouvir o coral. É o máximo! O que você tem? Parece preocupada!
- Por que será que às vezes escuto vozes dos meus familiares? Parece que conversam lá e os ouço aqui. Olhei para Lourdes, esperando uma resposta. Ela pensou por instantes e falou:
- Não sei o que ocorre, Rosângela. Eu também os escuto e, se os sinto chorar, fico triste. Valda entrou no quarto e escutando a resposta de Lourdes, sorriu para nós, explicando:
- O amor é um sentimento que une. Sentimos sempre o que se passa com nossos afetos. Aqui somos mais sensíveis, e se eles falam de nós ou sofrem com nossa ausência, acabamos sentindo e ouvindo-os em nosso íntimo. Aconselho-as a não dar atenção. Quando isso ocorrer, tentem se distrair ou orem, desejando que sejam consolados.
- Espero que eles atendam minha irmã Solange, ela é muito coerente. Queria que não chorassem por mim, que ficassem alegres e me transmitissem segurança - falei.
- Você quer que eles não chorem por você? Que não sintam seu desencarne? - perguntou Fátima indignada.
- Amo-os muito para querer que sofram. Quero sim, que eles sejam felizes! Todos morrem! Ou seja: desencarnam. Estamos condicionados a sofrer quando alguém que amamos muda-se para cá. Isso não é bom! Morri, porém não acabei! Seria bom se todos compreendessem que a vida continua! - falei respondendo para Fátima. Estranhei minha resposta, parecia que explicava a mim. Bateram na porta do nosso quarto, Valda abriu e convidou:
- Entre, Ana Elisa! Rosângela já perguntou por você e deseja vê-Ia!
Uma moça muito bonita entrou no quarto. Valda despediu-se com um aceno de mão e saiu. Reconheci minha tia: era encantadora, mais linda do que no retrato que vovó mostrara-me e do que eu recordava dos meus sonhos. Tinha o cabelo longo, castanho-escuro assim como os olhos, seus lábios eram delicados e tinha um sorriso cativante. Titia deixou que eu a observasse, depois abriu os braços e corri até ela. Abraçamo-nos demoradamente.
- Como você está se sentindo, Rosângela? - perguntou tia Ana Elisa.
- Eu? Bem! É mais bonita pessoalmente do que em meus sonhos - falei encabulada.
- Fico contente por você ter gostado de sonhar comigo. - falou sorrindo.
- A senhora me ajudou, preparando-me para os acontecimentos, não foi?
- Sim.
- Agradeço-lhe! - exclamei, beijando-a.
- De nada! Rosângela, você quer passear comigo?
- Quero! Aonde vamos?
- Vou levá-Ia a um local lindo. Venha trocar de roupa. Ela abriu o armário, pegou uma roupa e me deu. Fui ao banheiro, troquei-me e me admirei no espelho.
- Fabuloso! Como estou bem!
- Você é linda, minha sobrinha! - exclamou titia.
- Fiquei tão magrinha e feia com a doença! – falei suspirando. - Esqueça aqueles dias difíceis - aconselhou.
- O que Importa agora é que está bem. Não quer passear conosco Lourdes? E você, Fátima, vamos sair um pouquinho? Fátima negou com a cabeça e Lourdes agradeceu educadamente:
- Prefiro não ir, obrigada pelo convite. Acho que vocês duas têm muito o que conversar e não quero atrapalhar. Façam um bom passeio!
Gostei de vestir um conjunto de saia e blusa verde clarinho. Penteei o cabelo, usava-o e ainda o uso, curto e repartido de lado. Olhei-me novamente no espelho e alegrei-me com meu aspecto. Saímos, titia e eu, de mãos dadas. Atravessamos corredores, e minha cicerone foi explicando:
- Minha sobrinha, você irá gostar daqui! Achará muitas coisas parecidas com as quais estava acostumada na Terra, quando encarnada, outras nem tanto.
- Aqui é uma grande comunidade? Todos têm o mesmo objetivo, o bem comum? - perguntei lembrando dos meus estudos na escola. Titia sorriu e respondeu:
- Só que aqui nos agrupamos de acordo com os sentimentos que temos. Aqui é um local que abriga crianças e jovens, e do outro lado estão os que desencarnam já adultos. Podemos dizer que aqui, nesta colónia, estão espíritos afins, para se melhorar e progredir.”(…)
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