Palavras a Margarida: Modifica as mais íntimas disposições
Continuamos a aprender com André Luiz sobre Matilde e Margarida. No livro "Libertação" de André Luiz, psicografado por Chico Xavier, conhecemos Matilde, um Espírito Superior que, por amor a Margarida, desce à Região da Neblina para ajudar a sua filha prestes a entrar em nova prova reencarnatória.
Leia abaixo parte do dialogo entre as duas:
"Amada Mãezinha! Pudessem meus ouvidos guardar sempre a doce música de tuas palavras! Tristemente, antevejo o torvelinho das dificuldades terrenas a que devo retornar. Tudo agora é consolação e esperança; todavia, amanhã serei novamente prisioneira no cárcere físico e caminharei de memória anestesiada, em conflito incessante com os monstros que me assediam!
– Este, filha – acrescentou Matilde, afetuosa –, é o imperativo da tarefa que te compete realizar. Entretanto, não percas os tesouros do tempo em considerações inúteis. Enche as tuas horas de trabalho salutar com a possível harmonia, fonte de toda a beleza.
A inteligência que, de algum modo, já se evadiu das limitações da animalidade, encontra-se no corpo de carne, à maneira do lidador num estádio de provas benfeitoras. Lá dentro, na arena das possibilidades sublimes que a região do nevoeiro oferece, há quem se encaminhe para cima e há quem se dirija para baixo. Não fujas ao óbice valioso na corrida de aperfeiçoamento, nem sorvas o mentiroso elixir da ilusão, apaixonadamente usado por todos os que se deixaram vencer pelas tentações do desânimo, incapazes de aceitar o desafio que o mundo lhes endereça.
A vida, para toda alma que triunfa no carreiro áspero, é serviço, movimento, ascensão. E à rajada de luta que te conduzirá ao píncaro luminoso, não te suponhas sozinha na jornada áspera. Outras, aos milhares, suam e sangram, em silêncio. Passam na cena do mundo, sem o afeto de um esposo e sem a bênção de um lar. Não conhecem, como tu, a dádiva de um corpo normal, nem podem guardar os mínimos sonhos que arregimentas no coração feminil. São homens esquecidos e mulheres desamparadas que passam despercebidos e humilhados, do berço ao túmulo. Respiram em regime de tortura moral e seguem, estrada afora, desprotegidos e dilacerados, aos olhos do mundo, abafando os próprios soluços que, se ouvidos, lhes acarretariam implacável punição. Entretanto, apesar do espesso véu de lágrimas que lhes dificulta a marcha, continuam caminhando impávidos, contando com um amanhã, cada vez mais impreciso e distante, que parece ocultar-se, indefinido, nos horizontes sem fim.
(...)
– Margarida, viver no corpo terrestre, entendendo os deveres divinos que nos cabem, não é tão fácil, ante a glória infinita que em companhia dele podemos recolher. Todos possuímos culposo pretérito a redimir. É imperioso reconhecer, todavia, que, se a experiência humana pode ser doloroso curso de renunciação pessoal, é também abençoada escola em que o Espírito de boa vontade pode alcançar culminâncias.
Para isto, no entanto, é indispensável se abra o coração ao clima interior da bondade e do entendimento. Somos diamantes brutos, revestidos pelo duro cascalho de nossas milenárias imperfeições, localizados pela magnanimidade do Senhor na ourivesaria da Terra. A dor, o obstáculo e o conflito são bem-aventuradas ferramentas de melhoria, funcionando em nosso favor. Que dizer da pedra preciosa que fugisse às mãos do lapidário, do barro que repelisse a influênciado oleiro? Modifica as mais íntimas disposições, com referência aos adversários. O inimigo nem sempre é uma consciência agindo deliberadamente no mal. Na maioria das vezes, atende à incompreensão quanto qualquer de nós; procede em determinada linha de pensamento, porque se acredita em roteiro infalível aos próprios olhos, nos lances do trabalho a que se empenhou nos círculos da vida; enfrenta, qual ocorre a nós mesmos, problemas de visão que só o tempo, aliado ao esforço pessoal na execução do bem, conseguirá decidir. O batráquio e a ave caracterizam-se por impulsos diferentes, não obstante filhos do mesmo mundo. É necessário, Margarida, sabermos utilizar o inimigo, nele situando nossa lição benfeitora.
A rigor, em vista da nossa posição de inferioridade, seremos adversários naturais da obra dos Anjos, na esfera menos elevada que atravessamos presentemente; todavia, as Potências Angélicas não nos punem a incapacidade temporária de compreensão ante os serviços divinos que lhes cabem na economia do Universo. Ao invés de condenar-nos, identificam-nos as deficiências compadecidamente e estendem-nos braços fraternos, através de mil recursos invisíveis e indiretos, a fim de que aprendamos a escalar o monte da sublimação, em marcha para os cumes celestes.
Eis mais um livro que vale a pena conhecer.
Leia o livro completo: Libertação, de André Luíz
Comments are closed.