Chico Xavier e o visitante compenetrado
No livro “As Vidas de Chico Xavier” de Marcel Souto Maior, podemos deliciar-nos com inúmeras histórias do quotidiano do nosso tão amado amigo e mentor Chico Xavier. Para quem leu o livro “Paulo e Estevão” ditado a Chico por Emmanuel vai sorrir ao saber que durante o processo de escrita Chico Xavier teve a companhia de um amigo inesperado…
O visitante compenetrado
(…)”Graças a Deus. Até que enfim nasceu uma índia.
Só sentia vontade de vaiar quando alguém especulava sobre as vidas passadas dele. Certo, ele teria sido Flávia mesmo. E daí? Qual a importância disso? O tema, para ele, era pura perda de tempo. Cada um deveria se preocupar com esta vida. Chico precisava trabalhar. E trabalhava muito para cumprir o combinado com Emmanuel.
Em 1941, colocou no papel uma de suas obras preferidas, Paulo e Estevão, ditada por seu guia. Durante oito meses, ele se trancou no porão da casa do patrão Rômulo Joviano, na Fazenda Modelo, após o expediente. Todas as noites, das 17h15 à 1h, desfilaram, diante de seus olhos, numa tela imaginária, cenas de 2 mil anos atrás, seqüências da vida dos apóstolos de Cristo, imagens de Roma antiga. O trabalho era pesado. Chico preenchia as páginas em branco com textos assinados por seu guia, passava a limpo os originais, datilografava tudo na máquina emprestada pelo patrão e apagava o que tinha escrito a lápis para reaproveitar o papel.
O salário continuava curto. A mulher de Rômulo, Wanda Joviano, mandava uma empregada lhe servir um lanche e escalava um funcionário para deixar o rapaz em casa de charrete. Havia apenas uma condição: ele deveria estar de volta, pontualmente, às 7h30 no dia seguinte. Enquanto escrevia Paulo e Estevão, Chico teve um companheiro constante e compenetrado: um sapo enorme. No início, o rapaz olhou desconfiado para o bicho. Emmanuel acalmou o protegido. O animal também era filho de Deus, uma forma de transição. Chico se acostumou com o espectador, embora o achasse estranho. Todas as tardes, o bicho o esperava na entrada do porão, acompanhava-o até a mesa e ficava quieto num canto. Quando o escritor saía, ele saía junto e sumia no mato.
No dia seguinte, estava lá, a postos, pronto para outra. Chico teve crises de choro durante os oito meses de trabalho. Quando pingou o ponto final na obra, viu um espírito desmontar uma espécie de painel, que transformava aquele cômodo numa cabine isolada do mundo. Começou a sentir saudades dos personagens do livro, saudades da viagem no tempo, gratidão a Emmanuel. Precisava agradecer. Correu os olhos pelo quarto subterrâneo e deparou com o sapo. Tudo resolvido.
Encarou o animal e garantiu: Irmão sapo, a graça divina há também de brilhar para você. Daquele dia em diante o bicho sumiu.
A Roma antiga também, mas outras imagens nítidas entraram em cartaz no cinema particular do ex-matuto de Pedro Leopoldo. Algumas sequências eram assustadoras. Assombrações o ameaçavam de morte, espíritos encapuzados invadiam seu quarto, visitas com pés caprinos chegavam à beira da cama dele. Nem sempre seu guia estava por perto. (…)
do livro, As Vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior, pág 57
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