Um flash sobre: coma, estado vegetativo, ciência e espiritismo

O que é o coma?

O termo Coma provém do grego κῶμα e quer dizer "sono profundo". Trata-se de um estado de inconsciência profunda em que uma pessoa parece estar a dormir mas não é despertável. A característica essencial do coma é a perda profunda de consciência, segundo afirmam os critérios definidos pelo National Institute of Neurological Disorders and Stroke norte-americano, uma instituição de referência neste domínio.

Os níveis de coma e a evolução do estado de consciência do doente podem ser avaliados utilizando a Escala de Coma de Glasgow que permite atribuir uma nota ao doente com base em três parâmetros: “melhor reacção ocular” (1 a 4 pontos), “melhor resposta verbal” (1 a 5 pontos) e “melhor resposta motora” (1 a 6 pontos). A nota mínima – que corresponde ao coma mais profundo – é 3 (1+1+1): o doente não abre os olhos, não fala, não se mexe. A escala tem em conta reacções à dor e a comandos verbais, o estado de confusão ou de orientação do doente, a sua capacidade de articular palavras coerentes ou apenas sons incompreensíveis. O doente só é considerado em coma se a soma dos três parâmetros for inferior ou igual a 8.

Algumas causas de coma incluem:

  • Traumatismo craniano provocado, por exemplo, por acidente de viação, um acidente durante a prática de desporto ou uma queda
  • Complicação de uma doença subjacente, nomeadamente epilepsia, diabetes ou insuficiência hepática ou renal
  • Intoxicação, sobretudo por drogas que deprimem o sistema nervoso, tais como opiáceos, tranquilizantes ou álcool
  • Acidente vascular cerebral (AVC)
  • Outras: meningite, encefalite, tumor cerebral, anóxia (diminuição extrema da oxigenação), hipoglicémia, alterações iónicas, etc.

 

O que é o estado vegetativo?

O estado vegetativo refere-se a outra forma de alteração do estado de consciência na qual a pessoa parece estar acordada mas não interage com o mundo exterior. Nesta situação, os olhos da pessoa podem estar abertos e o doente pode, por exemplo, pestanejar, mover os olhos, emitir sons, gemer, sorrir, chorar, movimentar espontaneamente os membros e ter reacção de sobressalto a um ruído. No entanto, estes doentes não têm respostas comportamentais voluntárias a estímulos e não se expressam nem compreendem a linguagem. O estado vegetativo é persistente quando dura pelo menos 1 mês.

Em ambos os casos, o doente está vivo mas o cérebro não funciona totalmente.

O coma e o estado vegetativo persistente não devem ser confundidos com a morte cerebral.

 

O que é a morte cerebral?

A morte cerebral implica a cessação irreversível das funções do tronco cerebral (estrutura do sistema nervoso essencial às funções vitais). Nesta situação, tem que estar determinada a causa do quadro clínico e a sua irreversibilidade. O doente não tem respiração espontânea e os reflexos do tronco cerebral não estão presentes. Para se certificarem que o doente está efectivamente em morte cerebral, e antes de o desligarem definitivamente do ventilador/máquina, os médicos devem saber a causa da lesão e realizar uma série de testes. Entre eles, testar seis reflexos do tronco cerebral, desligar o doente do ventilador durante 10 minutos e torná-lo a ligar, repetindo a operação 12 ou 24 horas depois. Se os testes não provocarem qualquer reacção no doente, pode ter-se a certeza que ele não tem qualquer hipótese de sobreviver para além de uns dias. Se houver um único reflexo presente, por exemplo, se o doente desviar os olhos quando lhe colocam água gelada no ouvido ou se tossir quando se mexer no tubo de ventilação, não é possível declarar a morte cerebral. Quando isso acontece, o doente permanece “ligado à máquina” por vezes, durante anos.

Quando os médicos falam de um doente “ligado à máquina”, estão a falar de uma única máquina: o ventilador, que respira pelo doente em coma e permite a oxigenação do seu organismo. Para além disso, o doente é hidratado, medicado e alimentado através de perfusão. O resto do dispositivo de sobrevivência habitual serve apenas para monitorizar o estado do doente: saturação de oxigénio, pressão arterial, temperatura, frequência cardíaca ou electrocardiograma.

 

Evolução Clínica

A duração de um coma depende da causa, localização, extensão e gravidade da lesão do cérebro. O coma pode durar horas ou muitos meses e pode acabar com recuperação (com ou sem sequelas), evolução para estado vegetativo ou morte cerebral. Algumas pessoas que recuperam do estado de coma ficam com sequelas físicas e mentais permanentes. Enquanto algumas precisam de anos de reabilitação, outras recuperam totalmente de forma relativamente rápida. De um modo geral, quanto mais tempo durar o coma, menor a probabilidade da pessoa recuperar. As pessoas num estado vegetativo persistente podem evoluir para um estado vegetativo permanente e irreversível ou para a morte cerebral.

 

O que acontece no coma ou durante o estado vegetativo, segundo alguns cientistas?

Muito variadas são as considerações e indagações assumidas pelos cientistas sobre este controverso assunto. Sendo que o coma e o estado vegetativo podem ser considerados como situações de quase morte (EQM), aquilo que é relatado por muitos dos doentes que recuperam dessas situações têm causas e interpretações muito diferentes de acordo com a comunidade científica.

Alguns cientistas sustentam que o estudo das experiências de quase-morte pode ser dividido em 2 frentes. A neurológica na qual toda a explicação de uma EQM se encerra no cérebro e a transcendental, rejeitada pela maioria da comunidade científica, que aposta na existência de uma consciência atuante fora do corpo (o que alguns chamam de alma ou espírito). Contra as teorias transcendentais, o argumento mais contundente é o fato de a proximidade da morte não ser imprescindível, pois alguns doentes não há beira da morte, também têm relatado estes acontecimentos. Sustentam ainda que a visão de túnel comunmente descrita é o resultado da falta de oxigenação no cérebro o que pode deflagrar uma ativação anormal das células da visão, originando esse tipo de visões ou alucinações.

Para o Dr. Raymond Moody Jr, criador deste termo e responsável pelo conceito, a  EQM é uma forma de consciência transcendental ou um estado alternativo de consciência que acomete o indivíduo que se encontra num estado fisiológico extremo. A questão é complexa pois a forma de verificar se uma experiência é transcendental ainda é muito vaga. Será necessário expandir a nossa lógica, afirma este cientista. Talvez a objeção mais séria levantada contra a tese da vida após a morte seja a de que [essa tese] é ininteligível, incompreensível, mas a nossa mente tem capacidade plena para computar coisas ininteligíveis ou pensar sobre elas de forma racional, coerente e lógica, segundo o próprio Dr Moody. Este cientista que entrevistou mihares de pessoas afirma existirem factos comuns, consistentes e independentes nesses relatos. No total os relatos mais frequentes, são os descritos no quadro a seguir:

Ainda segundo o Dr Moody as pessoas que vivenciaram uma EQM afirmam sempre, que deixaram de ter medo da morte. Essas experiências confortam também quem está a passar pelo processo de luto, por exemplo, pois confere confiança noutra realidade. O episódio que chamamos de vida é somente uma pequena parte de algo bem maior. No instante da morte, a nossa consciência é, de alguma maneira, transmitida para um estado de realidade maior e mais inclusivo. O objetivo disso parece ser, de algum modo, algo que achamos muito difícil de conceituar no estado em que nos encontramos agora, algo que faz parte de um progresso. Algumas pessoas afirmam que o desenvolvimento da nossa alma e da nossa vida continua noutra dimensão da realidade após o evento que chamamos de morte, afirma o Dr Moody.

 

Também o Dr. Eben Alexander um céptico neurocirurgião e professor da Universidade de Harvard, nos EUA passou por uma EQM, durante sete dias, situação após a qual escreveu o livro “Uma prova do Céu”, levantando novamente este assunto, desprezado pela ciência. No seu livro o Dr. Eben Alexander diz que a consciência não depende do cérebro porque o seu neocórtex estava destruído pela meningite bacteriana causadora do seu coma, mesmo assim, ele viveu uma experiência intensa durante esse período, o qual relata com grande pormenor. A neurociência afirma que estes factos são impossíveis, sendo que este cientista afirma tê-los vivênciado. De acordo com o Dr. Alexander, alguns neurocientistas têm a visão limitada de que a consciência é criada pelo cérebro e esta visão está fora de moda. A neurociência convencional falha, é errada, falsa e cairá em breve, afirma o cientista.

 

Onde está o espírito durante o coma ou durante o estado vegetativo, segundo o espiritismo?

Nada  melhor que ouvir pelas próprias palavras de Emanuel respondendo através do médium Francisco Candido Xavier a esta questão:

Seu estado será de acordo com sua situação mental. Há casos em que o espírito permanece como aprisionado ao corpo, dele não se afastando até que permita receber auxílio dos Benfeitores espirituais. São pessoas, em geral, muito apegadas à vida material e que não se conformam com a situação. Em outros casos, os espíritos, apesar de manterem uma ligação com o corpo físico, por intermédio do perispírito, dispõem de uma relativa liberdade. Em muitas ocasiões, pessoas saídas do coma descrevem as paisagens e os contatos com seres que os precederam na passagem para a Vida Espiritual. É comum que após essas experiências elas passem a ver a vida com novos olhos, reavaliando seus valores íntimos. Em qualquer das circunstâncias, o Plano Espiritual sempre estende seus esforços na tentativa de auxílio. Daí a importância da prece, do equilíbrio, da palavra amiga e fraterna, da transmissão de paz, das conversações edificantes para que haja maiores condições ao trabalho do Bem que se direciona, nessas horas, tanto ao enfermo como aos encarnados (familiares e médicos).

Seria talvez prudente, refletir também um pouco, sobre todos estes conceitos, tendo por base os seguintes ensinamentos contidos no capítulo VII do Evangelho segundo o Espiritismo;

Mistérios Ocultos Aos Sábios E Prudentes

7 – Naquele tempo, respondendo, disse Jesus: Graças te dou a ti, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e prudentes, e as revelaste aos simples e pequeninos. (Mateus, XI: 25).

            9 – O mesmo acontece hoje com as grandes verdades reveladas pelo Espiritismo. Certos incrédulos se admiram de que os Espíritos se esforcem tão pouco para os convencer. É que eles se ocupam dos que buscam a luz com boa-fé e humildade. De preferência aos que julgam possuir toda a luz e parecem pensar que Deus deveria ficar muito feliz de os conduzir a Ele, provando-lhes a sua existência.

O poder de Deus se revela nas pequenas como nas grandes coisas. Ele não põe a luz sob o alqueire, mas a derrama por toda à parte; cegos são os que não a vêem. Deus não quer abrir-lhes os olhos à força, pois que eles gostam de os ter fechados. Chegará a sua vez...

10 – Deus, dir-se-á, não poderia tocá-los pessoalmente por meio de prodígios evidentes, perante os quais o mais incrédulo teria de curvar-se?

Sem dúvida que o poderia, mas, nesse caso, onde estaria o seu mérito; e ademais, de que serviria isso? Não os vemos diariamente recusar a evidência, e até mesmo dizer: Ainda que o visse, não acreditaria, pois sei que é impossível? Se eles se recusam a reconhecer a verdade, é porque o seu espírito ainda não está maduro para a compreender, nem o seu coração para a sentir. O orgulho é a venda que lhes tapa os olhos…. Não abandona os filhos perdidos, pois sabe que, cedo ou tarde, seus olhos se abrirão; mas quer que o façam de vontade própria. E então, vencidos pelos tormentos da incredulidade, atirar-se-ão por si mesmo em seus braços, e como o filho pródigo lhe pedirão perdão.

Talvez valha a pena refletir um pouco…

 

Artigo por Susana Santos

Fontes:
« O que é um Coma e Estado Vegetativo Persistente? - 10 de Novembro de 2004
www.publico.pt/2004/11/10/sociedade/noticia/saiba-mais-o-que-e-o-coma-1208091
« hmsportugal - 02/09/2011
hmsportugal.wordpress.com/2011/09/02/o-que-e-um-coma-e-estado-vegetativo-persistente/
« A neurociência da espiritualidade - 28/01/2011
veja.abril.com.br/ciencia/a-neurociencia-da-espiritualidade
« O que é uma EQM? Psiquiatra explica as experiências de quase-morte - 17/01/2017
boavontade.com/pt/saude/o-que-e-uma-eqm-psiquiatria-explica-experiencias-de-quase-morte
« Jornal o Globo - 13/04/2013
Neurocirurgião lança livro contando que esteve no Céu
oglobo.globo.com › Sociedade › Saúde
« Livros: Plantão De Respostas-Emmanuel - Chico Xavier; Evangelho segundo Espiritismo - Allan Kardec
Partilhar!